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domingo, 24 de novembro de 2013

Manuel Soriano de Albuquerque - Um pioneiro da Sociologia no Brasil

blogdocrato.blogspot.com
Nasceu em Pernambuco (Água Preta) a 8 de janeiro de 1877 tendo concluído a Faculdade de Direito do Recife em 1899. Ingressando na magistratura, foi nomeado (em 1904) Juiz substituto do Crato, Ceará, radicando-se desde então nesse Estado.
Em 1905, entrou para o Corpo Docente da Faculdade de Direito do Ceará, tornando-se catedrático de Filosofia do Direito no ano seguinte.
Faleceu a 5 de setembro de 1914, aos 37 anos de idade.

Bibliografia:
A sociologia como ciência autônoma.  Fortaleza : Tipografia Escolar, 1912.
A história como forma de conhecimento.  Fortaleza : Tipografia Escolar, 1913.

Sociologia e história.  Fortaleza : Tipografia Escolar, 1913.
Estudos sobre o autor:
GIRÃO, Raimundo.  História da Faculdade de Direito do Ceará.  Fortaleza : Imprensa Universitária do Ceará, 1960.
LIMA, Adonias.   Soriano de Albuquerque que influenciou na vida intelectual do Ceará.  Fortaleza, 1915.
MONTENEGRO, Abelardo F.  Soriano de Albuquerque; um pioneiro da sociologia no Brasil.  Fortaleza : Imprensa Universitária do Ceará, 1952.
_____.  _____.  2.ed.  Fortaleza : Imprensa Universitária do Ceará, 1977.  155 p.
MONTENEGRO, João Alfredo.  História das idéias filosóficas da Faculdade de Direito do Ceará.  Fortaleza : Edições UFC, 1996.

Manuel Soriano de ALBUQUERQUE - Nasceu em Água Preta (PE), 8 de janeiro de 1877, radicado no Ceará.
Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Recife. Magistrado (Juiz de Direito do Crato e de Barbalha). Professor, dirigiu o Colégio Leão XII (Crato) e em Barbalha criou um curso noturno para empregados no comércio.
Chamado a ensinar na Faculdade de Direito do Ceará, em que instituiu a cadeira de Sociologia no currículo oficial.
Membro da Plêiade e do Instituto do Ceará. Patrono da cadeira n° 27 da Academia Cearense de Letras, que teve como primeiro ocupante Teodoro Cabral. Jornalista, poeta.
Publicou: Volatus. Morreu em Fortaleza, 5 de setembro de 1914.Fonte:1001 Cearenses Notáveis-F. Silva Nobre.
Data de Nascimento:8/01/1877


Pioneirismo do Crato nas Artes Cênicas Cearenses

Assim o Timbira, coberto de glória,
guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi.
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
do que ele contava,
Tomava prudente: "Meninos, eu vi!
Gonçalves Dias ( I-Juca –Pirama)

À memória de Dr. Raimundo de Oliveira Borges

À Guisa de introdução

Quem se debruça sobre a história do teatro no sul cearense tem de frente uma missão hercúlea. As fontes primárias já foram revolvidas por muitos importantes pesquisadores como Irineu Pinheiro, Padre Antonio Gomes, F. S. Nascimento. 
Quem pretende ir além dos clássicos da nossa historiografia, defronta-se com um trabalho de pesquisa árduo e nem sempre recompensador: Jornais puídos, relatórios antigos, livros que se esfacelam ao simples toque. 
Um exercício de quebra-cabeças. Até estes dias , na leitura dos nossos clássicos, sempre soube que o Grupo “Os Romeiros do Porvir”, fundado no início do Século XX, teria sido nosso primeiro grupo de teatro. Fundado pelo Dr. Manuel Soriano de Albuquerque(1877, Água Preta-PE – 1941,Fortaleza-CE), juiz substituto, que chegara em Crato em janeiro de 1900, e trazia nos alforjes a influência marcante de Recife , teria sido ele que, ainda àquele ano, fundou o grupo que revolucionou os costumes da região, ao encenar: “Crato de Alto a Baixo”. 
Ressaltavam-se os primeiros membros do “Romeiros”: Ernesto Piancó, Manuel Belém de Figueiredo, Miguel Limaverde, Raimundo Gomes de Matos, Celso Rodrigues, Joaquim Fernades, José Bizarria, Raimundo e Antonio Norões, Joaquim Tavares Campos, Celso Gomes de Matos, Henrique Teles, Francisco da Franca, Artur Gomes,Alfredo Nunes, Fantina e Donana Aires, Lica e Maria Garcia, Etelvina Gonçalves, Elisa e Júlio Milfont de Amorim. Fazia ainda parte do grupo Luiz Gonzaga, o Gonzaguinha, muito provavelmente o nosso primeiro fotógrafo. 
Depois, na Biblioteca Menezes Pimentel, observando a microfilmagem do “Vanguarda”, jornal cratense dos idos de 1870, vi a publicidade de algumas peças de teatro, anteriores pois ao “Romeiros”, mas que me pareceram peças itinerantes e não de grupos locais bem sedimentados. Há alguns meses, o Prof Ricardo Correia me confidenciou que em pesquisa sobre a história do teatro caririense, havia descoberto um grupo cratense de artes cênicas nos meados de 1850, o que me pareceu de todo inverossímil. Recentemente a Fundação Waldemar Alcântara republicou uma edição fac-similar de “O Cariri: seu descobrimento, povoamento, costumes”, posto a lume por Irineu Pinheiro em 1950.
O livro é simplesmente fabuloso, narra deliciosamente, uma história do cotidiano da nossa vila desde os seus primórdios, uma espécie de história da vida privada caririense, com foco no dia a dia das nossas personalidades mais populares, nos nossos costumes e festins. No Capítulo em que se detém sobre a Praça do Rosário de Crato, atual Juarez Távora ou São Vicente(Foto 3), me veio a surpresa que um dia, certamente, já havia tornado também estupefato o Prof Ricardo Correia.
Eram os idos de 1857. A Praça Juarez Távora chama-se, então, Praça do Rosário, pois ali se previa a construção de uma Igreja dos pretos, sob a invocação de N. S. do Rosário. O material da construção do templo foi pouco a pouco sendo depositado no local por uma confraria religiosa de negros , mas que terminou por nunca ser edificada. A Igreja dedicada a São Vicente Férrer, tal qual hoje a conhecemos, só seria erguida em 1942. Pois bem, imaginem a praça apenas com um terreno de terra batida, sem a Igreja, um amplo terreno que terminava junto ao Canal do Rio Grangeiro, nos fundos da atual igreja, chamado de “Fundo da Maca”. À direita da Igreja, se a observássemos de frente, na época, existiam apenas algumas casas até a rua da vala. E á esquerda, onde hoje existe a Associação Comercial, imaginem um largo amplo que se estendia por toda a atual Rua Mons. Esmeraldo( antiga Travessa do Rosário), até à Praça da Prefeitura atual. Este amplo terreno era chamado de Travessa do Rosário. Pois bem, segundo Irineu Pinheiro, teria sido justamente na Travessa do Rosário, entre o prédio da Associação Comercial de Crato, o Edifício do BNB atual e o prédio ainda existente na esquina da Rua hoje Senador Pompeu, onde funcionou a Clínica N. S. da Conceição, do Dr. Antonio Gesteira; neste espaço existiu, por volta da primeira metade do Século XIX , o Teatro de Todos os Santos, mantido pela Sociedade Melpomenense, “destinada a exercitar na arte dramática, a mocidade daquele tempo”. Irineu cita a sua preciosa fonte : uma notícia do Número 103 do nosso primeiro jornal : “O Araripe”, fundado por João Brígido dos Santos(1829-1921)(Foto4 ) :
“O Abaixo-Assinado, Tesoureiro da Sociedade Melpomenense do Teatro de Todos os Santos, faz público aos sócios que, tendo desabado parte do tecto do edifício, prometendo uma completa ruína à toda casa, é de absoluta necessidade que se reúnam todos os sócios no dia 06 de Agosto próximo futuro, a fim de deliberarem a respeito. Crato, 29 de julho de 1857”
Deparei-me em meio à surpresa com uma sensação de estranheza por conta da sociedade mantenedora do teatro : “Melpomenense”. O nome me pareceu esquisito, de onde teria surgido? Corri em busca de outras fontes e descobri uma Academia Melpomenense em Lisboa, num período quase que idêntico. A Academia Melpomenense, criada 1845, por vários músicos, entre estes se destaca João Alberto Rodrigues da Costa (1798-1870) cuja atividade duraria até 1861. Mas como a influência desta academia poderia ter chegado até o Crato, cidade do interior do Ceará, em pleno Século XIX ? Aprofundei a pesquisa e descobri que o nome, etimologicamente, vem de Melpômene, uma das nove musas da mitologia grega , a musa da Tragédia e que é representada com uma máscara trágica e usando botas de couro (coturnos), tradicionalmente usadas por atores trágicos( Foto 5).
Melpômene - Musa grega da Tragédia
O mais provável é que a Sociedade Melpomenense de Crato homenageasse Melpômene, até porque dirigia-se ao ensino das artes cênicas, sendo improvável uma relação maior com a sua congênere lusitana. Revirei as edições outras de “O Araripe” referentes aos anos de 1859-1862 e não encontrei qualquer outra alusão a esta nossa Sociedade. O que teria , finalmente, acontecido com a nossa primeira casa de espetáculos, após a reunião? Ruiu? Foi reparada? Irineu conclui, no seu artigo, que o teatro teria desabado na derradeira metade do ano de 1857, em que fonte teria se baseado para esta conclusão ? Observei, também, que Irineu Pinheiro não registrou o nome do Tesoureiro responsável pela convocação em Agosto/1857, ou seja não temos um nome sequer dos diretores do nosso Teatro de Todos os Santos. A importância de se pesquisar dados relativos ao Teatro de Todos os Santos me parece fundamental. Ele é anterior ao Teatro São João de Sobral( 1875) e , embora não saibamos ainda o ano de sua fundação, aproxima-se bastante daquele que é considerado o primeiro teatro cearense, o da “Ribeira dos Icós” de 1840.
Texto e Pesquisa : José Flávio Vieira

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