Total de visualizações de página

Clique na imagem e se transforme

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Copa, greves e sindicatos "Sindicato representativo é útil para as empresas e trabalhadores, porque consegue defender a categoria"

Chegou a Copa, com greves para todo lado. Tudo já esperado. Os sindicatos e os trabalhadores sabem da importância da época e da força momentânea de pressão. Mas, nos movimentos legítimos, surgem condutas inadequadas, provenientes de pessoas que não integram a categoria obreira ou que, por meio da violência, denigrem a atuação sindical. E isso preocupa, porque a leitura repassada à população é convenientemente generalizada, superficial e tendente a deslegitimar as justas manifestações. Num período de Copa, pré-eleitoral, as reivindicações sociais assumem dimensão superlativa, recebendo interpretações politiqueiras.
São os sindicalistas combativos e as manifestações sociais que contrabalançam a voracidade do capital, humanizando as relações de trabalho. Um sindicato representativo é útil para as empresas e para os trabalhadores, porque consegue defender a categoria sem a intenção de arrasar a capacidade econômica do empregador; sabe dialogar, mas sem perder o propósito trabalhista. E, acima de tudo, tem a consciência política de seu papel social.
O modelo sindical brasileiro apresenta várias falhas. A Constituição Federal garante, por exemplo, a liberdade e a autonomia sindicais; porém, impõe uma contribuição obrigatória a todos os trabalhadores, mesmo não filiados a sindicato algum, estimulando entidades fictícias; assegura a liberdade de criar sindicatos, mas limita o número a uma única entidade na base territorial, não inferior à área de um Município (unicidade sindical); na sequência, a legislação não pune o diretor que não presta conta à categoria, e há diretorias que impedem a transparência das eleições ou a legitimidade na sua sucessão, perpetuando-se em mandatos infindáveis.
E o sistema segue capenga, possibilitando que os maus sindicalistas manchem o trabalho exemplar que os bons sindicatos desenvolvem. A crise chega atravessada na população e, frequentemente, à própria categoria, que formam uma imagem péssima do sindicalismo, confundindo os movimentos reivindicatórios com atos de baderna e anarquia. O número médio de filiados, no Brasil, fica na casa dos 16%, enquanto uma apatia se instaura no meio, com pouquíssimas pessoas participando da vida ativa da luta coletiva de sua entidade.
Na Europa, a crise econômica engole os sindicatos, retirando paulatinamente as conquistas sociais. No Brasil, os sindicatos enfrentam mais problemas, que os fragilizam, e podem ser alvos fáceis da especulação econômica ou da acomodação de diretorias apáticas.
Um sindicato forte requer a superação de sua crise de legitimidade, pede sua intensa combatividade, proximidade com a base e muita disposição negocial. Só assim poderemos progredir em melhores condições de trabalho e de salário, sem o risco de quebrar empresas nem atropelar os anseios da categoria.

Gérson Marques
opiniao@opovo.com.br
Procurador Regional do Trabalho e professor da UFC

Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2014/06/13/noticiasjornalopiniao,3266271/copa-greves-e-sindicatos.shtml

Nenhum comentário: