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domingo, 20 de setembro de 2015

Crise do Capitalismo: O Problema da Valorização do Valor, da Valorização do Dinheiro (Jorge Paiva e Rosa Fonseca - Crítica Radical)

Rosa Fonseca, Jorge Paiva, Maria Luiza Fontenele
“No Capitalismo elemento que é a vida da abstração valorização do valor (dinheiro) é o trabalho.”
“A questão está relacionada com a ideia do trabalho, uma vez que foi passado pelo Cristianismo, pelo Protestantismo, a ideia de que o trabalho dignifica o homem, que o ser humano é o ser trabalho. O Capitalismo para ser implantado precisava de mão de obra, a qual foi obtida com as guerras e a produção em escala de armas, que degradaram o ambiente do campo deixando os camponeses sem condição de sobreviver em seu ambiente natural, sendo obrigados a ir viver próximos às indústrias, consolidando o Capitalismo. Os camponeses que estavam habituados a produzir o necessário e trocar/compartilhar os excedentes foram submetidos a um novo processo mediado pelo dinheiro, uma vez que não se produzia mais diretamente, precisava-se comprar, para comprar necessitava-se do dinheiro, para obtenção do dinheiro tinha-se de trabalhar. Raciocínio que predomina até hoje, de que você só pode Ser mediante o trabalho, o trabalho é tudo na vida, pois lhe possibilita ter o dinheiro. O trabalho passou a ser uma categoria ontológica. A matrix do valor, do fetichismo, do valor da abstração, molda a sua capacidade, a sua percepção no sentido de interpretar a História de acordo com esse fetiche: só vê uma relação social se estiver fundamentada no trabalho. Se não fosse tal contexto, ninguém iria sair do interior para trabalhar dentro de uma fábrica por exaustivas horas, com toda a família.”
A questão da dissociação: “Para implantar tal sociedade era preciso refazer na cabeça das pessoas a aversão ao trabalho, a visão de que o trabalho era uma coisa negativa. O sistema transformou o trabalho em uma coisa positiva. Antes se vivia e se praticava atividades humanas necessárias à subsistência, mas, no Capitalismo, a centralidade da vida passou a se dar pelo trabalho. O que foi imposto à sociedade, inclusive, com a dissociação do trabalho do homem e da mulher, para manutenção do sistema, estando a mulher em posição subalterna, uma vez que o sistema é ‘ocidental, branco e macho’.”
“O valor é o fundamento da produção burguesa. O elemento que é a vida dessa abstração é o trabalho. Se você estabelece uma linha de raciocínio que vai retirando, da linha de produção de mercadoria, o trabalho, você atinge a substância do valor. Cria-se um problema para a valorização do dinheiro.”
“A não valorização do valor ocorrida com a retirada do trabalho da substância da produção do valor coloca o Capitalismo perante uma crise do seu fundamento.”
“Para que ele entre na concorrência é preciso ter uma produtividade elevada. A automatização e a microeletrônica utilizadas para ampliar a produtividade e ganhar a concorrência afastam o trabalho. Isso gera a crise estrutural do Capitalismo, nunca atravessada antes, gerando sua fronteira histórica. As crises anteriores foram de expansão, de modernização do sistema, tais como a máquina a vapor, a Revolução Industrial, o Fordismo, foram épocas de expansão do Capitalismo, diferentes da atual.”
“Nós estamos diante da possibilidade de superar, pois o Capitalismo na atualidade, com a substituição do trabalho vivo liberta os seres do trabalho, mas com sofrimento, pois a mente humana está acostumada ao trabalho. Todos querem trabalhar nos moldes capitalistas, um tipo próprio de atividade que está sendo confundido com toda a atividade humana.”
“A proposta é utilizar a tecnologia que está ai e fazer uma ruptura tornando-a, ao invés de servir à valorização do valor, do dinheiro (“o dinheiro é a expressão do valor e a substância do valor é o trabalho”), um instrumento a serviço da emancipação da humanidade.”
"Atividade humana sempre teve e sempre terá."
“O contexto nos leva a romper com essa lógica que nos submete. A criatura (Capitalismo) se tornou maior que o criador (Ser Humano), mas temos que reverter isso, assumindo a consciência crítica dessa lógica. O que nos impede? A Matrix fetichista que nos condiciona a continuar agindo de forma a reproduzir essa lógica.
Não podemos confundir ‘trabalho’ com ‘atividade’, atividade sempre teremos, mas trabalho é uma categoria própria do Capitalismo. Não podemos confundir ‘mercadoria’ com os ‘bens úteis necessários à vida humana’. ‘Mercadoria’ é o que é produzido com o objetivo de valorizar o valor, de reproduzir o dinheiro. Aquilo que é produzido para o nosso próprio consumo, individual ou coletivo, não é ‘mercadoria’, não pode ser. Quando nós dizemos, eliminar tal lógica fetichista, com uma nova lógica social que não seja mediada pelo dinheiro, que não seja de produção de mercadoria e, portanto, que não seja, também, comandada pelo ‘Estado’ ou pelo ‘Mercado’, mas a ideia de um planejamento consciente, coletivo das atividades necessárias à vida, com a emancipação humana.”
Escute o Programa de onde foram retirados os trechos: 8º Programa da Crítica Radical
Você pode ver também o texto em word e outras informações no site www.criticaradical.org.

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