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sábado, 19 de maio de 2018

Confissões de um padre - Marcelo Rossi

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Após se curar da depressão, Padre Marcelo Rossi fala sobre segunda chanceO padre volta às origens no CD/DVD Imaculada. Ao Correio, o sacerdote lembra os momentos de dificuldade

15/10/2017 06:01

Com mais de 20 anos de batina, o Padre Marcelo Rossi nunca se separa do ofício, nem mesmo quando está dando uma entrevista sobre o mais novo trabalho, o CD e DVD Imaculada.
Ao atender a ligação da equipe do Correio, sabendo que se tratava de Brasília, que está passando por uma seca sem precedentes, logo se adiantou: “Minha filha, não está chovendo aí, né? As pessoas têm me pedido para orar e eu estou orando, tá?”.

Esse é apenas um dos muitos fatos que mostram que o Padre Marcelo Rossi está sempre envolto em sua missão. Talvez, inclusive, essa entrega ao outro pode ter sido um dos fatores primordiais no diagnóstico do transtorno de ansiedade, da depressão e da crise do pânico em 1º de outubro de 2013. “Eu achava que depressão era frescura. Mas eu descobri que é real. Eu não consegui dormir por sete meses. Eu não pude tomar antidepressivo por causa do fígado. Foi muito difícil”, lembra Rossi.
“Estamos vivendo uma época de ansiedade. Durante minhas viagens, em todos os espaços de mídia que fui, eu perguntei se tinha alguém de atestado e 50% eram pessoas com depressão. Acho que é tanta notícia má e informação ruim, que você somatiza isso. Eu fazia isso como sacerdote”, explica o padre.

Curado da doença, Padre Marcelo Rossi conta que sente como se tivesse tido uma nova oportunidade. “Esse DVD foi uma excelência mística e sobrenatural. Eu tive uma segunda chance, um encontro com Cristo por meio da música. Acho que essa é uma oportunidade de eu poder ensinar as pessoas a saírem da depressão”, completa. O padre afirma que o convívio com os fiéis foi essencial para sua recuperação. “Eu conversava com elas, as pessoas me diziam coisas ótimas, cantavam para mim. Foi um processo de terapia”, afirma.

Volta às raízes

Após quase quatro anos do lançamento de O tempo de Deus, Marcelo Rossi achou que era o momento de gravar um novo material, voltar às raízes e mostrar que estava bem. “Eu precisava fazer alguma coisa. Eu tinha de mostrar que estava bem. No outro DVD, eu estava totalmente dopado de remédios à base de morfina para dor nas costas, acima do peso, com depressão.
Acho que foi também uma oportunidade de falar sobre depressão”, conta.

O DVD/CD Imaculada foi gravado em agosto deste ano no Santuário Mãe de Deus, em São Paulo, em celebração aos 300 anos da aparição da Imagem de Aparecida, comemorado no último dia 12. O material possui 18 faixas na versão em DVD e 14 no CD, contando ainda com making of e missa comandada por Rossi.

Com produção de Guto Graça Melo, o santuário se transformou em um palco repleto de imagens católicas e uma banda que acompanhou o padre. A megaestrutura fez com que o Padre Marcelo Rossi acabasse caindo no palco. “Quando eu vi, não acreditei na estrutura. Tinham espelhos e contra a luz, não dava para enxergar. Eu tenho o pé tamanho 47. Então, no início, eu estava muito amarrado, com medo. Aí, eu pisei em falso, cai e me liberei. Aquele momento só pode ter sido uma graça de Deus. A partir daí, eu me libertei”, lembra.
A queda de Marcelo Rossi ocorreu antes da música Sonhos de Deus, canção de 2014.

O material é composto por seis músicas inéditas e também canções que fizeram do padre Marcelo Rossi famoso no meio católico, como Erguei as mãos, Sou um milagre e Anjos de Deus. “Eu percebi como o tempo passa. São mais de 20 anos, eu tinha que trazer algumas músicas do passado também”, explica o padre.


"Eu recebi muita crítica até me entenderem. Se hoje há espaço para outros padres foi porque eu abri essa porta lá atrás", afirma Marcelo Rossi - Foto: Marcos Hermes/Divulgação

Outra novidade na carreira de Marcelo Rossi é a mudança em seu programa de rádio. Durante anos, ele comandou uma atração das 9h às 10h, mas há quatro meses mudou de meia-noite até 1h. E o motivo? Uma promessa. “Eu queria atingir mais jovens e essa era a pior hora dos problemas que passei. Eu ligava a tevê e não tinha nada para ver.
 Eu fiz uma promessa: “Um dia, eu vou fazer um programa levando Deus para as pessoas”. Sou eu, a palavra de Deus e meu violão”, revela.

Busca do equilíbrio

Durante a pausa no mundo da música, o Padre Marcelo Rossi lançou alguns livros como KairósPhilia e Ruah: Quebrando paradigmas de que gordura é saúde e magreza é doença. Esse último foi escrito após um incômodo do sacerdote em relação a própria alimentação. “Fiquei um ano e meio comendo menos sódio. O sal é o mal da alimentação. Tire o sal da sua mesa. Além de inchar, pode causar diversas doenças. O que acontece é que hoje as pessoas não tratam a alimentação com o devido cuidado. A gente come com os olhos, com ansiedade”, comenta.

Formado em educação física, Rossi afirma que com o tempo foi deixando de lado o exercício físico, o que  prejudicou bastante a saúde. “É até uma vergonha para mim. Mas eu deixei minha saúde em segundo plano. Esqueci da importância da endorfina e da serotonina. Para se ter um equilíbrio é preciso oração, alimentação e qualidade de vida”, acrescenta.

Um dos primeiros padres a se lançar na vida artística, Marcelo Rossi diz que sofreu muito preconceito até ter o trabalho compreendido. “Nunca antes um padre tinha estado em um programa de televisão. Eu recebi muita crítica até me entenderem. Se hoje há espaço para outros padres foi porque eu abri essa porta lá atrás. Alguns padres não aguentaram, porque não é fácil. Mas eu não me arrependo e por isso estou voltando”, afirma.

Bastante próximo do Padre Fábio de Melo, outro sacerdote no meio artístico, Rossi aconselhou o amigo a se afastar da mídia para se tratar da síndrome do pânico. “Da mesma forma ele me aconselhou a entrar nas redes sociais, onde eu posso ter um diálogo melhor com os jovens, que é um público que eu quero atingir. Essa geração está muito sem propósito, não sabe o que está fazendo na Terra. São coisas básicas que o ser humano está perdendo”, classifica.
Fonte: correiobrssiliense

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